Dia da Educação: transformações no mundo do trabalho exigem novas habilidades e ajustes na formação de médicos-veterinários e zootecnistas

Como forma de refletir sobre o sistema educacional da Medicina Veterinária, CRMV-SP promove encontro inédito com coordenadores de curso de IES do estado de São Paulo
Texto: Comunicação CRMV-SP / Foto: Freepik

Em 28 de abril celebra-se o Dia da Educação, data que visa conscientizar a sociedade acerca da importância da educação na construção de valores sociais, éticos e morais. Quando o assunto é ensino superior, o foco está na produção do conhecimento que visa gerar riqueza para um país, emprego e qualidade de vida. Assim, a educação vai além da formação de profissionais para o mercado, e isso se evidencia quando se tem em vista o panorama de 105 cursos de Medicina Veterinária e 19 de Zootecnia em atividade só no estado de São Paulo.

Sob essa perspectiva, é importante refletir sobre questões como: a universidade tem preparado seus alunos para o mundo do trabalho? Se tratando de fatores socioambientais, econômicos, políticos e culturais, como ela contribui para a inovação do aluno e da sociedade?

Muitas vezes, o que se observa no processo de formação de nível superior em quase todas as áreas é um relativo descompasso entre o que se planeja para a obtenção de um perfil profissional egresso pelas universidades e o que o mercado de trabalho busca devido ao dinamismo sócio-econômico.

“Este cenário se intensifica na era da informação em que vivemos, em que novos paradigmas são construídos em tempos recordes”, explica o presidente da Comissão Técnica de Educação e vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Prof. Dr. Fábio Manhoso.

A Medicina Veterinária, ao abraçar a Saúde Única e ligar os três aspectos desse conceito, que é a relação indissociável entre a saúde animal, humana e ambiental, revela-se uma das profissões mais completas do mundo. Foi criada com o dever de prevenir e curar doenças, mas sempre tendo como objetivo o homem e o serviço maior à humanidade.  

Diretrizes Curriculares transformadas

Fábio Manhoso explica que as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de Medicina Veterinária foram instituídas recentemente, em agosto de 2019, e estão em fase de implantação em todo o território brasileiro. “Elas foram elaboradas considerando a necessidade que o médico-veterinário tem de uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, que o torne apto para atuar na Saúde Única”, enfatiza.

Na graduação em Zootecnia, também houve a necessidade de um aprimoramento dos currículos. O presidente da Comissão Técnica de Zootecnia e Ensino do CRMV-SP, Prof. Dr. Celso da Costa Carrer, explica que desde a década de 2000, as propostas de ensino vêm sendo debatidas, o que resultou em um documento único nacional, com itens que visam aproximar a educação ao que o mercado atual exige.

“A formação do Zootecnista engloba habilidades e competências que se relacionam com o desenvolvimento, a promoção e o controle da produtividade dos animais úteis ao homem, ao aprimoramento e à aplicação de tecnologias, a preservação das espécies e a sustentabilidade do meio ambiente, e que permitem, ainda, atuar no desenvolvimento das cadeias produtivas, do agronegócio e dos produtos de origem animal”, afirma Carrer.

Perfil para o mercado

Seja na Medicina Veterinária ou na Zootecnia, o perfil ideal exigido pelo mercado é de profissionais conhecedores de técnicas e tecnologias (hard skills), capazes de aumentar a produção e a produtividade das empresas. No entanto, as habilidades comportamentais (soft skills) ganham cada vez mais importância frente à nova realidade, que são: flexibilidade, trabalho em equipe, conhecimento de negócio e comunicação, dinâmica e capacidade de decisão, entre outras.

Do ponto de vista da oferta de disciplinas, deve-se atentar para o aumento da formação nas áreas de conhecimento das ciências sociais aplicadas (gestão, economia, sociologia, comunicação, etc). “É importante inserir no processo de ensino-aprendizagem uma visão do todo (ensino transversal), com contato de problemáticas profissionais desde os primeiros semestres, de forma a ajudar os estudantes a trabalharem mudanças de comportamento em sala de aula (metodologias ativas) e melhor adaptação ao que o mercado precisa”, acredita Celso Carrer.

Ao mesmo tempo, devem-se oportunizar experiências de formação empreendedora, como acesso a espaços de inovação, vivências em empresas juniores, participação em competições e aplicações práticas do conhecimento. “Desta forma, o estudante desenvolverá competências que sejam condizentes com as que serão exigidas na realidade de mercado”, diz Fábio Manhoso.

Encontro com coordenadores lança campanha orientativa

Na próxima sexta-feira (29/04), o CRMV-SP promoverá, de forma inédita, o I Encontro Estadual de Coordenadores de Curso de Medicina Veterinária, em São Paulo. Voltadoexclusivamente a coordenadores de cursos de Instituições de Ensino Superior (IES), públicas e privadas, o evento trará debates sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) da Medicina Veterinária, ambientes de aprendizagem, e ensino a distância, entre outros.

Na ocasião, o Conselho lançará o projeto “Melhor Escolha”, que visa auxiliar o estudante na busca por uma graduação em Medicina Veterinária que atenda aos requisitos mínimos para uma educação de qualidade. “A ideia é promover orientações sobre os requisitos mínimos que devem ser observados pelo estudante no momento de escolher a faculdade que irá cursar”, explica o presidente da Comissão Técnica de Educação, idealizadora da ação, Fábio Manhoso.

Compartilhar boas práticas e refletir sobre a educação

O presidente do CRMV-SP, Odemilson Donizete Mossero, reforça que o Conselho não tem gerência sobre o ensino da Medicina Veterinária, mas é seu o dever de se aproximar, sugerir, acompanhar e estimular uma educação de qualidade, proporcionando assim, bons profissionais à sociedade. “Queremos ampliar o diálogo com as IES, buscando seu aprimoramento em alto nível e disponibilizando toda a estrutura da autarquia para esse fim.”

“Como estamos em fase final de implantação da DCN de Medicina Veterinária, é um bom momento para trocar experiências bem-sucedidas, antes de propor ajustes”, enfatiza o presidente da Comissão Técnica de Educação e também vice-presidente da autarquia, Fábio Manhoso.

Compartilhar boas práticas, experiências, e ouvir os anseios e necessidades dos coordenadores é fundamental para que a Comissão de Educação do Conselho possa realizar seu trabalho. “Nossa meta é acolher as demandas dos coordenadores para que possamos propor um diagnóstico e traçar metas para os próximos dois anos”, diz Manhoso. Desde que foi constituída, a Comissão de Educação realiza visitas técnicas junto às instituições e está estudando um projeto de certificação para os cursos de Medicina Veterinária.

O presidente da autarquia lembra que o encontro é também uma oportunidade de qualificação para os gestores de cursos superiores. “Além do apoio no que tange as questões pedagógicas, o Conselho também estará à disposição para contribuir com orientações jurídicas e técnicas, bem como por meio de suas outras Comissões Assessoras”, afirma Mossero.

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