A leishmaniose é a segunda infecção por protozoários mais frequente em humanos, perdendo apenas para a malária. A estimativa é que mais de um bilhão de pessoas vivam em áreas endêmicas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Para o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) é possível o combate a essa zoonose a partir de ações preventivas do poder público e da sociedade.
No Brasil, a incidência e a prevalência da doença, em humanos e em cães, são inquietantes. Em 2018, o País registrou 3.648 casos de leishmaniose humana, com 280 mortes, sendo 94 registros e 13 óbitos no Estado de São Paulo, de acordo com o Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.
As medidas preventivas, padronizadas pelo Ministério da Saúde, incluem monitoramento e controle do mosquito transmissor, redução do número de animais de rua; realização de exame sorológico antes da doação de cães; uso de telas do tipo malha fina em canis; e educação em saúde.
Além das ações na esfera pública, as pessoas que têm cães devem redobrar o cuidado com a limpeza dos ambientes, evitando o acúmulo de lixo e entulho, que ajudam na redução da incidência de mosquitos.
Protegendo o pet
Para evitar a doença, é aconselhável o uso de coleiras repelentes, lembrando que sua eficácia depende, também, do respeito aos prazos de validade apontados pelos fabricantes. O mercado também dispõe de vacina para prevenção de leishmaniose em cães, mas ela não deve ser adotada como única medida protetiva.
É importante destacar ainda que a vacina só pode ser aplicada após exame sorológico, para que o tutor se certifique de que o pet não está infectado.“Esses são cuidados que fazem parte do conceito de guarda responsável dos animais de estimação”, argumenta o médico-veterinário Leonardo Burlini, assessor técnico do Conselho.
Transmissão
A leishmaniose visceral é uma doença primária de animais e que pode ser transmitida aos humanos. Os cachorros podem ser hospedeiros do parasita causador da doença, mas a transmissão não ocorre pelo contato direto entre animais domésticos e o ser humano.
“A transmissão ocorre após a picada do mosquito infectado, sendo o Lutzomyia logipalpis a principal espécie envolvida no Brasil”, explica a médica-veterinária Luciana Hardt Gomes, integrante da Comissão Técnica de Saúde Pública (CTSP), do CRMV-SP.
Diagnóstico
Em fase inicial, nem todo cão apresenta sintomas, o que contribui para o diagnóstico tardio. Já quando a doença se desenvolve, os sintomas podem ser bastante clássicos. Por meio de exame clínico, há probabilidade do médico-veterinário suspeitar da doença quando o local onde o animal vive registrar casos de leishmaniose.
No entanto, a confirmação da doença se dá apenas por meio “do diagnóstico laboratorial da infecção, que pode ser sorológico, parasitológico ou molecular”, explica o médico-veterinário Mário Ramos de Paula e Silva, que também faz parte da CTSP, do CRMV-SP.