Maior exportador global de carne bovina, o Brasil tem espaço para se fortalecer no mercado mundial de carne kosher, de maior valor agregado, mas precisará se adequar a novas normas de Israel, que incluem mudanças no abate dos bovinos.
Até junho de 2018, os frigoríficos do Brasil e Mercosul habilitados para o abate kosher precisão instalar boxes rotativos para imobilização e outros procedimentos ligados ao abate humanitário e bem-estar animal.
De acordo com Felipe Kleiman, consultor e especialista em abate kosher, as novas exigências que obedecem a uma série de leis da tradição judaica, representam uma oportunidade para o Brasil voltar a atuar com protagonismo neste mercado mundial.
Há alguns anos, as vendas de produtos kosher do Brasil atingiam 140 milhões de dólares ao ano. Atualmente, os frigoríficos vendem cerca de 70 milhões de dólares ao ano. “A demanda é crescente, o País tem deixado de atender o mercado israelense. Perdeu lugar para o Paraguai, que há menos de 15 anos não exportava nada para Israel”, afirma Kleiman.
Retorno garantido
Embora o custo de produção da carne kosher seja mais elevado, o retorno também é maior. Segundo Kleiman, para se adequar às novas leis determinadas por Israel, com a instalação de dois boxes rotativos, por exemplo, um frigorífico que já tem estrutura de abate kosher precisará desembolsar cerca de 1 milhão de reais.
O valor de faturamento de um mês de produção kosher pode chegar a 5 milhões de reais, o que compensa o investimento. O Egito, por exemplo, paga de 3,2 mil a 3,3 mil dólares a tonelada de dianteiro. Israel paga 4,9 mil dólares/tonelada pela mesma parte do boi. “Ainda há um enorme espaço a explorar com a produção de carnes com valor agregado”, enfatiza.
