Perfil comum de agressores é investigado

Denunciar os casos de violência contra pessoas e maus-tratos aos animais é responsabilidade de todos
Comunicação CRMV-SP

O aumento da violência doméstica potencializado pelo isolamento social, imposto pela quarentena, evidenciou o aumento da violência e de maus-tratos contra animais de companhia. É o afirma a médica-veterinária Tália Missen Tremori, da Comissão Técnica de Medicina Veterinária Legal (CTMVL) do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) e tem experiência no assunto em sua atuação profissional e acadêmica.

Em um de seus trabalhos como orientadora de pesquisa, foram selecionados boletins de ocorrência registrados na Delegacia da Mulher do município de Botucatu. A partir de documentos, entrevistas concedidas pelas vítimas e exames nos animais destas mulheres, algumas das conclusões foram alarmantes: “Um terço das vítimas confirmou que seus pets sofreram algum tipo de agressão”, enfatiza Tália.

Para auxiliar na elucidação de crimes contra animais, identificar seus autores e assim chegar a possíveis vítimas humanas do criminoso, o recém-inaugurado Ambulatório de Corpo de Delito e Medicina Veterinária Legal do Hospital Veterinário da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, atende casos de animais vivos encaminhados pela polícia civil da região.

“Já recebemos seis cães com lesões graves, a maior parte de autoria desconhecida. Entendemos que o trabalho – desempenhado por profissionais, pesquisadores e estagiários –, pode ajudar na solução de casos em que famílias precisam ser salvas”, comenta a médica-veterinária Noeme Souza Rocha, responsável pela implantação do ambulatório, também integrante da CTMVL/CRMV-SP.

Violência e agressão psicológica

Entretanto, não são apenas os equipamentos policiais e os relacionados à Medicina Veterinária Legal que entram em contato com pets vítimas de maus-tratos e outros crimes. Os cidadãos podem identificar situações na rua onde moram, na casa ao lado ou a partir do relato de amigos ou familiares.

Quando há socorro, as clínicas, consultórios e hospitais médico-veterinários são locais com maior chance de receberem animais vítimas de crimes. “Já fiz atendimentos clínicos em que a tutora relatou que seu parceiro foi o autor da agressão contra o animal. Frequentemente, esse cônjuge pratica essa violência como forma de ameaça e agressão psicológica à mulher, o que já configura um contexto de violência doméstica”, comenta Tália.

Atenção aos sinais

É crucial, principalmente em um momento de isolamento social, que os profissionais e a população estejam atentos a sinais – alguns bem claros, outros bastante discretos – que evidenciem contextos de violência doméstica.

“O comportamento das pessoas e a forma como relatam o ocorrido deixam pistas. Além disso, em caso da presença do agressor, a reação dos animais também pode apresentar indícios”, comenta a médica-veterinária Cristiane Pizzuto, presidente da Comissão Técnica de Bem-Estar Animal (CTBEA) do CRMV-SP.

Notificação à polícia

Aos médicos-veterinários em atendimento de casos, Cristiane orienta a elaboração de um relatório técnico e a notificação à polícia, podendo contar com o apoio das informações disponíveis no Guia Prático Para Avaliação Inicial de Maus-tratos a cães e gatos do CRMV-SP.

Tália enfatiza que levar os casos às autoridades é também um dever dos profissionais, previsto no Código de Ética do Médico-veterinário. “A atitude é uma responsabilidade, sendo que o principal resultado pode ser a interrupção de ciclos de violência, impedindo desdobramentos mais graves.”

 

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